Fachada do Mercado da Encruzilhada
Espaço cinquentenário rompe preconceitos e se consolida como o ambiente mais democrático do Recife
Manhã de sábado no Recife. Dia e turno preferidos por boa parte dos boêmios. O sol forte e o calor intenso convidam a todos para um bom papo com os amigos regado a muita cerveja gelada. Em diversos locais na Veneza brasileira, os garçons trabalham a todo vapor. Mas um lugar em especial tem se consolidado como destino mais democrático da cidade: o Mercado da Encruzilhada.
Do lado de fora, o estacionamento que contorna o espaço já está lotado. A movimentação de carros e pedestres é constante. Alguns veículos estão parados à espera da liberação de uma vaga. Algumas pessoas não aguentam e param seus automóveis nas ruas que circundam o bairro. Nem o alto índice de assaltos da localidade inibe os frequentadores do recinto.
Lá dentro, são dezenas de transeuntes nos diversos ambientes do cinqüentenário lugar. Boa parte está ali apenas para realizar as compras da semana. Afinal, o mercado vende de tudo. São 214 boxes que comercializam os mais distintos produtos. Desde alimentos até artigos para construção. No entanto, o grande chamariz do local são mesmo os “botecos”.
Divididos em duas alas, os vários bares existentes no mercado recebem pessoas das mais diferentes classes sociais. Na ala norte, o público é mais humilde e o movimento não é tão grande. Talvez porque esses lugares fiquem próximos aos banheiros, açougues e peixarias, espaços que não exalam lá um cheiro “muito” agradável.
Já na ala sul, quatro botequins travam uma sadia disputa pelos clientes que não param de chegar. Os bares ficam uns colados aos outros. A única coisa que os diferencia são as cores das mesas. O ambiente está completamente lotado. Gente de todas as classes, pessoas de todos os tipos. Dos mais “engomadinhos” até os que vestem bermudas e calçam chinelos. Camisas dos três principais clubes de futebol da capital pernambucana são vistas lado a lado. Em que outro ponto do Recife isso seria possível? Famílias, jovens, indivíduos de meia-idade e idosos parecem não se importar com a falta de conforto. Ventiladores espalhados pelos arredores não diminuem o mormaço. O calor é grande e o barulho maior ainda. Um grupo de chorinho dita o ritmo.
Mas qual o segredo de tanto sucesso? Quem sabe. Talvez seja, justamente, a essência popular. Esse é o Mercado da Encruzilhada. Um local simples, descontraído e democrático, que conserva como nenhum outro uma atmosfera lúdica e harmoniosa.
Assista ao vídeo do papagaio do Mercado da Encruzilhada que canta o hino do Sport. (Matéria da TV Globo)